Aparecida

Excesso de politicagem de Mendanha afeta a gestão

O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, vive um momento de dúvida cruel: não consegue concluir se deve sair do MDB ou permanecer e também não tem ideia, caso decida tomar o rumo da porta da rua, para qual partido ir e, principalmente, até onde ir, isto é, se renunciará ao mandato para assumir uma candidatura ao governo.
É um momento de dúvida cruel. Problema: ele não tem conselheiros de nível em Aparecida, depois que perdeu o pai, o ex-deputado Léo Mendanha, a quem ouvia cegamente – Léo Mendanha morreu em abril último, vítima da Covid-19. Além disso, não confia em ninguém de fora, suspeitando de que todos querem manipular o seu nome, a exemplo do ex-governador Marconi Perillo, do PSDB – que se tornou seu interlocutor ultimamente e o tem estimulado a se lançar às eleições de 2022, inclusive abrindo a possibilidade de recebê-lo no partido e bancar a sua campanha.
Mendanha, portanto, move-se por um terreno pantanoso, onde pode afundar a qualquer momento, bastando um passo errado. Antes, ele conversa periodicamente com Maguito Vilela e com Daniel, avaliando com os dois o que fazer em Aparecida e como se posicionar quanto a questões de importância para o MDB na política estadual. Mas Maguito também foi levado pela Covid-19. E ele e Daniel se afastaram a partir do momento em que intensificou as críticas ao governador Ronaldo Caiado e passou a defender a candidatura própria emedebista em 2022, o que impactou sua relação com Daniel.
O prefeito aparecidense tem um leque de opções amplo e complexo. Pode:
1. Permanecer no MDB.
2. Se permanecer, como se posicionará diante da inevitabilidade da aliança com o DEM?
3. Cruza os braços na campanha do ano que vem?
4. Abre uma dissidência em favor de um candidato de outro partido?
5. Apoia a chapa Caiado-Daniel Vilela?
6. Sair do MDB.
7. Se sair, vai para qual partido?
8. Nesse novo partido, assume a responsabilidade de se lançar candidato a governador?

Como se vê, não são escolhas simples. Todas trarão grandes e pesadas consequências. Se sair do MDB e optar por qualquer outro partido, será chamado de “traidor” e se exporá ao risco de ser chamado de “judas”, por ter retribuído com ingratidão o apoio que a família Vilela – em especial Daniel – deu para a sua trajetória política até hoje. Se ficar no MDB, depois de tudo o que disse e fez, poderá enfrentar um desgaste enorme, sendo acusado de incoerente e de ter blefado com a defesa da tese da candidatura própria e com a insinuação de que poderia postular o governo estadual.
Em resumo, o momento é complicado para Mendanha – e ele, na prática, não sabe bem o que fazer. A assessores próximos, confidenciou que há noites em que perde o sono. Tem se mostrado tenso nos últimos dias, irritando-se com pouca coisa. E insiste em se queixar de Caiado, principalmente em relação aos inquéritos da Polícia Civil sobre corrupção na Prefeitura de Aparecida, que ele atribui a perseguição política, apesar de provas coletadas, em especial no caso do superfaturamento de exames laboratoriais no hospital municipal, envolvendo figuras do secretariado do município.

 

Excesso de politicagem acabou afetando a gestão de Aparecida

A concentração excessiva de todas as suas atenções no processo político, desde que meteu na cabeça que precisa transformar-se em liderança estadual e passou a dedicar a maior parte do seu tempo a contatos com prefeitos, vereadores e deputados e a viagens aos municípios, acabou tirando Gustavo Mendanha da gestão de Aparecida.
Na ausência do chefe do Executivo, os assuntos da prefeitura passaram a ser cuidados pela equipe de secretários, a maioria nomeada não com base em critérios técnicos e, sim, a partir de indicações políticas. Mendanha eliminou a oposição e construiu uma espécie de “unanimidade” a seu respeito, distribuindo cargos para presidentes de partidos, vereadores, suplentes, ex-vereadores e toda e qualquer liderança que tenha um mínimo de consistência no município. É essa gente que está administrando Aparecida, muitas vezes sem o menor preparo para os cargos importantes que ocupam no segundo maior centro urbano do Estado.
No noticiário sobre a movimentação de Gustavo Mendanha, veículos de comunicação como o Jornal Opção, de Goiânia, afirmam: “Eleitores aparecidenses dizem que Mendanha está se ausentando de seu município, deixando-o aos cuidados de secretários, e fazendo mais política do que administração. Eles não aprovam o fato de que, se for candidato em 2022, o prefeito vai cumprir apenas um ano e três meses de mandato. A maioria dos eleitores de Aparecida quer que termine o mandato. Hoje, se alguém quiser se esconder de Mendanha, é só ir para Aparecida.”  (Por Helton Lenine / [email protected])

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