Aparecida

Fábrica de “fake news” funciona contra adversários em Aparecida

Da Redação

Uma investigação da Polícia Civil mira a indústria de “fake news” que funciona em Aparecida, financiada por recursos heterodoxos que podem ter origem nos cofres públicos. Não é de hoje que essa fábrica de calúnias e insultos está ativa, com os seus motores no máximo. A cidade tem inclusive um marqueteiro profissional, que presta serviços a órgãos oficiais, conhecido como especialista na produção e disseminação de notícias falsas, memes, vídeos ofensivos e outras iniciativas contra os políticos que são definidos como inimigos. Todos, no meio, sabem quem é.

Esse marqueteiro conta com peritos em mídias on-line trabalhando na sua equipe. Um deles, o principal, empresário do ramo de barbearias, também é famoso por prestar serviços a campanhas, desde 2014. Trabalhou, por exemplo, com o ex-governador Marconi Perillo, que foi candidato e conquistou a reeleição naquele ano. E atuou também na campanha de Maguito Vilela a prefeito, quando o alvo foi o concorrente Vanderlan Cardoso. Seu codinome seria “Júnior”.

Uma barbearia em Aparecida está no alvo da Polícia Civil, pelo envolvimento do dono com a propagação de “fake news”

A questão das “fake news” em Aparecida transformou-se em um problemão. Buscando virar o jogo, o prefeito Gustavo Mendanha, até então beneficiário desse tipo de noticiário distorcido, declarou-se foco de um vídeo que insultou a ele e a sua família, usando a imagem do seu pai, o ex-deputado estadual Léo Mendanha, internado em um hospital.

Mendanha prometeu ingressar com uma ação na Justiça pedindo uma investigação sobre o que chamou de “disparos em massa” no WhatsApp, atacando a sua pessoa e expondo seus parentes. Na verdade, o prefeito incorreu em um escorregão, ao postar ele mesmo uma foto que viola a intimidade dos seus parentes, mostrando seu pai em uma cama de hospital, com um cateter de oxigênio no nariz e aparência deprimida.

Segundo nota oficial da Secretaria de Comunicação de Aparecida, “disparos em massa de WhatsApp têm propagado uma campanha de ódio e ‘fake news’ contra o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha e sua família que tem sofrido nos últimos dias com a Covid-19. Os disparos em massa teriam começado no início da segunda quinzena de março. O conteúdo ataca o prefeito por promover o isolamento social intermitente por escalonamento regional e por não ter seguido o decreto do governador Ronaldo Caiado publicado no dia 17 de março”.

Mas essa é a visão da prefeitura de Aparecida. O risco que corre o machado corre o pau. Apesar da promessa de recorrer às autoridades, Mendanha não deu ainda um passo nesse sentido. É que há dúvidas sobre a movimentação da Secom, cujo chefe é Ozéias Laurentino, acusado de amadorismo por muitos dos colegas secretários municipais, mas duro com quem é considerado inimigo do grupo dominante na prefeitura. Na prefeitura, nenhum secretário pode falar à imprensa sem a sua autorização. Ele conta com um departamento de mídias digitais bem ativo, que vem desde a época em que Maguito Vilela foi prefeito de Aparecida por dois mandatos e se mantém aceso até hoje. Há marqueteiros eletrônicos e outros experts em manobras no WhatsApp e nas redes sociais contratualmente e administrativamente ligados ao seu comando. Os modelos da revista infantil Jubinha são a fonte de inspiração da equipe.

É por isso que o colunista Helton Lenine, que assina a página Goiás Online no Diário de Aparecida, informou que: “Investigação – A Polícia Civil está na cola de um esquema criminoso que espalha fake news em Goiás, funcionando a partir de um prédio de uma conhecida prefeitura, com máquinas e equipamentos do município. Quem é – O responsável por pilotar essa rede de divulgação de notícias falsas responde pelo codinome de ‘Júnior’. Novidades a qualquer momento”.

O inquérito que corre na Polícia Civil para apurar a fonte das “fake news” que vem de Aparecida não tem nada a ver com a anunciada intenção de Gustavo Mendanha de reclamar das supostas agressões à sua pessoa às autoridades. É muito mais sério. A investigação surgiu por conta de outros envolvimentos, apontando para uma rede que enxovalha adversários políticos e busca promover a sua desmoralização, valendo-se de verbas do erário. Vem aí um escândalo.

O secretário municipal de Comunicação Ozéias Laurentino proibiu a equipe de Gustavo Mendanha de dar entrevistas à imprensa

O que são “fake news”

A expressão “” ganhou as páginas dos jornais e a internet nos últimos anos. No entanto, nem todos sabem ao certo o que significa “fake news”. O termo vem do inglês “fake” (falsa/falso) e “news” (notícias). Dessa forma, em português, a palavra significa notícias falsas. Apesar de ter se destacado recentemente, a expressão é bem mais antiga e data do final do século XIX. “Fake news” são as informações falsas que viralizam entre a população como se fosse verdade. Atualmente, elas estão, principalmente, relacionadas às redes sociais.

A internet possibilita que as notícias se espalhem em uma velocidade cada vez mais rápida. E as redes sociais aceleraram ainda mais esse processo. Entretanto, o espaço também é propício para que as notícias falsas também sejam facilmente divulgadas. Além disso, outro fator importante é que as pessoas perderam o costume de verificar as fontes de um dado. Quando algo é publicado, automaticamente há centenas de compartilhamentos sem nem ao menos chegar de onde partiu aquela notícia. É o que está acontecendo em Aparecida.

Revista infantil que tem sido fonte de inspiração para as fakes news em Aparecida, segundo comentários de quem entende

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