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Falso Positivo: provas apreendidas podem se desdobrar em prisões

Clima tenso na Cidade Administrativa: prefeito recorre à desculpa esfarrapada de “perseguição política” para minimizar as operações policiais para investigar irregularidades na sua gestão

O prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha vive dias de apreensão depois que a Operação Falso Positivo Fase 2 vasculhou a casa e o gabinete do secretário de Fazenda André Rosa, recolhendo vasto material probatório para fundamentar as denúncias de corrupção no Hospital Municipal que o Ministério Público Estadual, com autorização do Poder Judiciário, está apurando.

As duas etapas da Falso Positivo, em especial a segunda, colheram indícios e provas que os delegados coordenadores, em entrevistas à imprensa, consideraram suficientes para documentar as denúncias que serão formuladas pelo Ministério Público Estadual contra os responsáveis pelos desvios no Hospital Municipal de Aparecida.

A principal envolvida é Edlaine Rosa, mulher do secretário de Fazenda André Rosa, que foi flagrada pelos agentes policiais dentro do HMAP, autorizando exames laboratoriais superfaturados a favor de uma empresa da qual as investigações comprovaram que ela é sócia oculta, a Inac Medicina Laboratorial.

Na Operação Falso Positivo Fase 1, André Rosa e Edlaine foram intimados a depor, compareceram perante a autoridade policial, mas recusaram-se a falar invocando o direito constitucional de não produzir provas contra si próprios.

Mendanha, além de não afastar André Rosa da sua equipe, gravou um vídeo reclamando de “perseguição política” e fazendo ilações, sem apresentar qualquer comprovação, no sentido de que o governador Ronaldo Caiado estaria preparando a prisão de membros do seu secretariado e até de familiares.

Provavelmente, quando se refere a “familiares” que poderiam ser presos, o prefeito faz alusão ao seu irmão Danilo Melo Mendonça, que costuma frequentar o gabinete do prefeito, onde fica sentado em um sofá, e é visto também em uma sala anexa ao gabinete do secretário André Rosa, local em que, suspeitam os investigadores policiais, “despacha” com fornecedores da prefeitura.

Danilo Melo Mendanha foi citado no inquérito da Fase 2 da Operação Falso Positivo. A autoridade policial chegou a pedir mandados de busca e apreensão para procurar provas e documentos na sua residência, mas a juíza encarregada de analisar o processo preferiu não conceder a medida.

O nervosismo e a irritação do prefeito têm se refletido na tensão que tomou conta da Cidade Administrativa, onde corre solta a boataria de que novas operações policiais estariam a caminho, com desdobramentos ainda mais sérios. No alvo, além do HMAP, estariam licitações para a aquisição de mercadorias e serviços, caso da recente Operação Fator R – que há menos de um mês vasculhou a área de compras da prefeitura, desvendando um esquema fraudulento através do qual a Tropical Pneus tinha a gestão de Mendanha como uma das suas grandes clientes, através de procedimentos questionáveis.

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