Editorial

Falta de educação

Ainda é deprimente em Aparecida de Goiânia o quadro das crianças de 0 a 5 anos, idade de receber a chamada Educação Infantil a que a prefeitura tem responsabilidade constitucional de oferecer. No início deste mês, o Diário de Aparecida fez uma reportagem sobre a manifestação dos moradores do Setor Vale do Sol, na qual expôs a situação de aproximadamente 1.000 crianças, com idades entre 9 meses e 13 anos, que se encontram fora das unidades escolares.

 

Dezenas de pequeninos e adultos com faixas, cartazes e chapéus de formatura enfrentaram o calor, a poeira e a baixa umidade para cobrar o cumprimento de promessas feitas e renovadas, ano a ano, de Cmei’s e escolas de ensino fundamental no bairro. No fim do ano passado, houve a promessa de que no primeiro semestre de 2022 o bairro ganharia Cmei para as crianças menores e escola para os estudantes do 1º ao 9º ano. Estamos em agosto e até o momento nenhuma resposta.

 

Segundo o ECA, somente a educação prepara a criança e o adolescente para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. As crianças moradoras do Vale do Sol que insistem em estudar enfrentam uma caminhada de um hora, atravessam BR e passam por lotes vagos, em uma total exposição a perigos. Um dos líderes do manifesto disse que no bairro há crianças de 9, 10 anos que não sabem ler nada. “Não é dificuldade para ler ou entender um texto, é não saber ler uma palavra simples, isolada.”

 

O Instituto Rui Barbosa, órgão de pesquisa mantido pelos Tribunais de Contas de todo o País, apontou no ano passado que, no município, das mais de 32 mil crianças de zero a 3 anos, apenas 3 mil frequentam um Cmei. Então, queridos leitores, imaginem a realidade das crianças de 4 a 10 anos de idade que não aparecem na pesquisa.

 

As famílias que ouvem “não há vagas” são testemunhas da falta de competência do poder público municipal com a primeira educação, que infelizmente corre risco de se tornar um péssimo exemplo de âmbito nacional.

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