Aparecida

Família só conseguiu vaga de UTI para idoso após recorrer à Justiça

Eduardo Marques

Depois que o caso ganhou repercussão nacional, tendo sido publicado pela revista Época, a estudante de Zootecnia Millena Oliveira Andrade, de 24 anos, conseguiu um vaga de UTI no Hospital Municipal de Aparecida para o seu pai – o motorista de aplicativo Marco Aurélio Andrade Mattos, de 62 anos, em estado grave diante das complicações da Covid-19.

O paciente sendo atendido na UPA do Parque Flamboyant, em Aparecida, a mesma onde morreu o professor de Geografia Paulo Vítor Ferreira de Melo, de 28 anos, também atacado pela Covid-19, enquanto aguardava transferência para uma UTI.

Millena Oliveira Andrade havia recorrido à Justiça para conseguir a vaga para o seu pai. Mesmo com decisão favorável determinando a transferência em caráter urgente, Marco Aurélio continuou em espera, sob a alegação da direção da UPA de que não havia leitos de UTI disponíveis em Aparecida. 

Coincidência ou não, com a revelação do caso pela revista Época, o Hospital Municipal de Aparecida imediatamente viabilizou uma vaga e Marco Aurélio foi internado. A estudante recorreu à Defensoria Pública assim que o quadro de oxigenação do sangue do pai dela se agravou. Um primeiro pedido foi negado pela juíza Luciana Monteiro Amaral, plantonista na Comarca de Aparecida de Goiânia. 

Indignada, a família recorreu da decisão. Millena conta que uma advogada amiga decidiu ajudar, apresentando um recurso que foi aceito pelo Tribunal de Justiça. Mesmo assim a vaga ainda demorou, sendo liberada somente após a divulgação pela Época.

A estudante acusa a prefeitura de Aparecida de negligência por causa do excesso de burocracia para atender pacientes graves da Covid-19. “A regulação havia informado que tinha uma vaga no município de São Luís de Montes Belos, mas demoraram a conseguir um transporte e perdemos a chance, enquanto meu pai piorava”, conta ela.

Atendido por 4 vezes na UPA do Parque Flamboyant, Marco Aurélio sempre recebia diagnóstico de sintomas leves, mesmo tossindo e reclamando de falta de ar. Com o agravamento visível do seu estado de saúde, a família chamou um infectologista particular, que constatou 75% de comprometimento dos seus pulmões e risco de morte. Foi nesse ponto que a Justiça foi acionada e concedeu a ordem para que ele fosse acolhido em um leito de UTI no sistema público de Saúde de Aparecida. 

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