Brasil

Fiasco das prévias mostram PSDB cada vez mais fragilizado e desunido

Tucanos mergulham em crise com a disputa entre João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio para escolha de candidatura a presidente; em Goiás, Marconi perde o controle do partido

Helton Lenine

Pior melhor ideia dos últimos tempos na política, as prévias do PSDB fracassaram em sua primeira tentativa devido a uma crise anunciada que ameaça implodir o partido que até 2014 monopolizava com o PT a vida partidária nacional. No último domingo, 21, as prévias para a escolha do candidato à presidência da República, entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio foram suspensas devido a falhas no aplicativo de votação.

Enquanto a fatura do desgaste será colocada de forma nominal na conta do presidente da sigla, Bruno Araújo (PE), o preço a pagar tem outro destinatário preferencial — ou, ainda, uma dupla: Eduardo Leite (RS) e Aécio Neves (MG). O processo, por óbvio, representa um avanço institucional no arcabouço partidário brasileiro, rompendo o padrão da indicação vertical —o precedente petista de 2002 foi mais uma curiosidade do que uma disputa. Ao mesmo tempo, claro, diz muito sobre a fratura da sigla, que saiu do triunfal 2016 nas urnas para um 2018 desolador, com os 4,76% de Geraldo Alckmin (SP) na eleição presidencial.

Favorito presumido pelo peso de sua cadeira, o governador João Doria (SP) se viu manietado diversas vezes, com a definição de regras que o contrariaram. Para seus adversários, foi uma forma de contrabalançar um jogo pesado: há 40 dias, enviados de Doria percorrem Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas Brasil afora para cabalar votos, amparados por um trabalho estruturado de marketing e análise política digno de eleição presidencial. Como é usual, com a movimentação vieram as denúncias de compra de votos e pressões não republicanas, até aqui sem comprovação.

A situação ficou mais complexa quando surgiu a figura do polêmico app, que desde o mais recente aditivo de contrato já consumiu R$ 2 milhões de dinheiro público para um vexame que era antevisto na análise feita pela empresa de segurança cibernética Kryptus. Relatório de 50 páginas dizia que era imprescindível ter um plano B para o dia das prévias e listava 12 falhas sérias do app, como a possibilidade de fraude no registro de eleitores.

O fato de o programa ter sido feito numa universidade do Rio Grande do Sul de Leite não contribuiu para sua confiabilidade, ainda que auditado externamente. Bruno Araújo sustentava que tudo iria dar certo, que correções foram feitas a partir de fragilidades apontadas. No domingo, 21, a bomba explodiu com a instabilidade no sistema.

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