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Fórum Permanente de Cultura emite nota de repúdio

Em virtude da denúncia que a Prefeitura de Aparecida sofreu por conta do corte e exclusão do vídeo do bailarino Daniel Severo na página do YouTube da Secult sem prestar esclarecimento, o Fórum Permanente de Cultura de Aparecida de Goiânia publicou uma nota de repúdio. Na publicação divulgada nas redes sociais, a entidade classificou a ação como “retrógrada e conservadora, que reprime o pleno exercício de direitos culturais”.
“Não podemos admitir e compactuar com tal ato. É uma afronta ao estado democrático de direito e um atentado à liberdade de expressão garantidos na nossa Constituição. É um ato retrógrado e conservador, que reprime o pleno exercício de direitos culturais que possuem, como um dos seus princípios, o questionamento e a reflexão sobre a natureza humana.”
Na conclusão do comunicado, o Fórum solidariza-se com o bailarino Daniel Severo e aguarda um posicionamento da Prefeitura de Aparecida de Goiânia. “Concluímos, declarando total apoio e solidariedade ao artista, Daniel da Costa Severo. Lamentamos que esse ato amador e desrespeitoso tenha ocorrido por parte da Secretaria Municipal de Cultura e aguardamos ansiosamente por um posicionamento da pasta. E nos dispomos para apoiar o artista em todas as medidas que forem necessárias. Censura, não. Censura, nunca mais.”
Professora de Licenciatura em Dança e do Mestrado Profissional em Artes Prof-Artes no Instituto Federal de Goiás, Rousejanny da Silva Ferreira também publicou uma carta aberta se solidarizando com Daniel e repudiou o ato da Prefeitura de Aparecida. Para ela, a obra Isadoráveis, de Isadora Duncan, interpretada pelo estudante de Danças do IFG, “incomodava pessoas pelo seu jeito de dançar, se posicionar socialmente e se vestir”.
“Isadora não era adorável para todos e o que vimos neste episódio recente é que ela continua incomodando. Daniel simplesmente dançou o que acredita e dedica sua vida como pesquisador do campo da dança. Nem toda dança é adorável, mas pode nos ajudar a refletir sobre o que observamos quando vemos um trabalho de arte. Isadoráveis é um vídeo com uma série de improvisos de dança ao ar livre e fala simplesmente sobre o ato de dançar descompromissadamente, mas o fato de uma pessoa do gênero masculino estar vestida com uma túnica laranja em uma praça pode ter tomado uma dimensão maior que a mensagem da dança que ali estava.”
Para a especialista Rousejanny da Silva Ferreira, os preconceitos morais e estéticos geram violências simbólicas, psicológicas e físicas. “Nesse caso, atinge diretamente as árduas lutas de representatividade e igualdade da comunidade LGBTQI+. Para além de lutas identitárias, o caso da supressão do vídeo fere diretamente o trabalho de livre criação do artista e os direitos autorais do autor sobre a obra produzida”, ressalta.

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