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Gestão de Caiado derruba esquemas montados no governo anterior

Investigação de suspeitas de esquemas da empresa Terra Forte faz blog marconista realizar defesa de empreiteiros; empresa foi citada em decisão de juiz em caso que apura corrupção nas gestões de Eliton/Marconi

Da Redação

A busca pela transparência na gestão Caiado começou a assustar empresários que estavam acostumados com o antigo modelo de prestação de serviços em Goiás. Uma das regras era usar aditivos e mais aditivos para triplicar o custo das obras. Outro era pactuar uma coisa e entregar outra. Ou na pior das hipóteses: contratar e não entregar o serviço/obra.

Nos bastidores, uma só reclamação de empresários acostumados ao modelo passado: não estão conseguindo driblar a lei para tentar viciar licitações, obras e contratos. “A porteira está fechada”, teria dito um empresário em mensagens de WhatsApp entregues para investigação policial sobre obras no Nordeste goiano.

Em seu primeiro ano, Caiado armou uma jogada quase infalível: colocou Controladoria Geral do Estado (CGE), Procuradoria do Estado (PGE) e Polícia Civil aliados do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Ministério Público (MP-GO) para vigiar contratos. A qualquer passo em falso, o governador tem agido com um Código de Ética implacável: expor todos.

Uma das empresas que estaria indignada com as novas práticas é a Terra Forte, que está na mira da Goinfra por conta da pavimentação de um trecho que vai do município de Mimoso até Água Fria de Goiás, região do Entorno do Distrito Federal.

Conforme a autarquia, o contrato previa inicialmente valor de R$ 56 milhões para a conclusão do trecho. Na gestão anterior foram consumidos mais de R$ 65 milhões na obra e sem concluir o contrato, informam. A obra, claro, é objeto de investigação, já que o asfalto apresenta elevado nível de deterioração. Para piorar, a execução da obra chamaria atenção pelo descumprimento de diversas cláusulas contratuais.

A própria Goinfra, amparada nas normas de direito administrativo, instalou um Processo Administrativo para apurar a qualidade, sem contar uma investigação que corre dentro da Polícia Civil e Ministério Público.
A análise de pagamentos e qualidade das obras foi parar também na CGE e PGE, que juntos apresentaram três pareceres.

Decantação 
A empresa Terra Forte foi citada nas investigações da Operação Decantação 2, que chegou a pedir a prisão do ex-governador José Eliton (PSDB), que substituiu Marconi Perillo em 2018. Conforme a revista “Exame”, “a Decantação identificou planilhas de voos em material apreendido na empresa Terra Forte Construtora, controlada por Carlos Eduardo Pereira da Costa”.

Os dados apontavam, dizia a imprensa na época e Polícia Federal, que a aeronave PR-FKY da empresa Sanefer, também controlada pelo mesmo executivo, foi usada entre 2012 e 2014 pelo então vice-governador e secretário de Segurança Pública, José Eliton, e pelo chefe de gabinete Luiz Alberto de Oliveira. “O dinheiro repassado por José Eliton diretamente da SSP/GO para pagamento das empresas de Carlos Eduardo retornaram ao primeiro, a título de propina, através de doações eleitorais para campanha do PSDB e de Marconi Perillo, inclusive na forma de empréstimo da aeronave”, disse o juiz Rafael Ângelo Slomp, da 11.ª Vara Federal de Goiânia.

De acordo com a investigação, relata o jornal “Estado de S. Paulo”, Luiz Alberto de Oliveira “era o responsável por agendar reuniões entre Carlos Eduardo e José Eliton para liberação de recursos da SSP/GO à Saneago”.
Agora, imagine bem onde foi aparecer a defesa da empresa citada? Nenhum órgão sério e tradicional de imprensa.

Ontem (22) a empresa foi tema de texto opinativo de um blog ligado ao ex-governador Marconi Perillo e Eliton. Nele, o blog – considerada a maior máquina de fake news do Centro-oeste – é usado para realizar a defesa da Terra Forte de um procedimento que é comum nas regras de direito administrativo: o pagamento de obras apenas após a emissão de laudo técnico, que pode ser revisado quantas vezes for, já que o interesse público não se resume ao interesse da empresa, mas ao bem público.

Ao permitir que o blog – que atende aos interesses do grupo suspeito de cometer vários crimes em Goiás ao lado de Carlos Cachoeira – faça sua defesa, a empresa perde a oportunidade de adotar princípios de transparência. A reportagem do Diário de Aparecida procurou a Terra Forte para que forneça documentos que comprovem a boa execução da obra e o atendimento aos princípios da economicidade e moralidade da empresa, mas até a publicação não foi atendida em suas ligações.

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