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Senado: candidatura de João Campos ainda é um desafio difícil de superar

Após exercer cinco mandatos de deputado federal, João Campos de Araújo aceitou a missão repassada pela direção nacional do seu partido: disputar mandato ao Senado nas eleições de 2022. João Campos é também pastor da Igreja Assembleia de Deus e delegado de Polícia Civil.

Nascido em Peixe, então Goiás e hoje Estado do Tocantins, Campos veio para Goiânia, onde fez o curso de Direito e submeteu-se ao concurso de delegado na Polícia Civil. Ele tem atuação até destacada na Câmara Federal: foi pré-candidato à presidência da Casa, com a simpatia do presidente Jair Bolsonaro. É membro do Centrão, grupo político comandado pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP/AL). Presidiu a Frente Parlamentar Evangélica na Câmara dos Deputados e foi relator do Novo Código de Processo Penal e da Lei de Delação Premiada.

Uma mancha no currículo: João Campos foi autor do projeto de “Cura Gay”, que acabou arquivado pela Câmara dos Deputados diante da repercussão negativa na sociedade brasileira. A proposta, que autoriza psicólogos a tratar pacientes que busquem reverter a homossexualidade, não alcançou apoio partidário e gerou desgastes.

A decisão de João Campos de concorrer ao Senado ocorreu após conversa com o deputado federal Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos, e também com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz. O Republicanos, segundo adianta Campos, tem o objetivo de “entrar para valer” nas campanhas eleitorais do ano que vem, visando a conquista de cadeiras, em grande quantidade nos Estados, de senador e de deputado federal.

Como presidente do Republicanos de Goiás, João Campos iniciou uma ofensiva, nos 246 municípios, em busca de quadros políticos para dar sustentação eleitoral ao projeto do partido. O Republicanos conta, hoje, em Goiás, além dele mesmo, com o deputado estadual Jeferson Rodrigues, oito prefeitos e vereadores, inclusive em Goiânia, Aparecida e Anápolis, os três maiores colégios eleitorais do Estado.

Tiago Campos, filho de João Campos, entregou o cargo de chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social da Prefeitura de Goiânia, após permanecer apenas um mês na função. Ele explicou que, a partir de agora, vai dar expediente no escritório político do pai já integrado ao projeto eleitoral de 2022.

João Campos nunca disputou mandato de vereador ou de deputado estadual. Concorreu direto para a Câmara Federal, incentivado pelo ex-governador Marconi Perillo, que o filiou ao PSDB. Foi escrivão de Polícia na Diretoria Geral da Polícia Civil, em Goiânia, entre 1983 e 1987; posteriormente, atuou como chefe de Gabinete da Secretaria de Segurança Pública de Goiás, entre 1990 e 1991. Foi Delegado Titular do 4º Distrito Policial, em Aparecida de Goiânia, entre 1991 e 1992. Como deputado, se notabilizou por uma atuação conservadora.

Em 25 de junho de 2013, votou a favor da PEC 37, que proibiria investigações pelo Ministério Público, sendo voto vencido por 430 votos a 9, com duas abstenções. Apresentou em 2015 proposta de emenda constitucional, que prevê a inclusão de entidades religiosas de âmbito nacional na lista de instituições que podem propor ação direta de inconstitucionalidade ou ação declaratória de constitucionalidade ao Supremo Tribunal Federal (STF). Esta proposta foi considerada uma afronta ao estado laico, e chegou a ser aprovada em comissão, apoiada por aliados e pelo então presidente da Casa, Eduardo Cunha (MDB).

Também no mesmo ano, a PEC 471, de sua autoria, chegou a ser votada pela Câmara. A proposta pretendia efetivar sem concurso milhares de pessoas indicadas para responder por cartórios por meio de compadrios. Votou a favor do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Em agosto de 2017, votou contra o processo em que se pedia abertura de investigação sobre o então presidente Michel Temer (MDB), ajudando a arquivar a denúncia do Ministério Público Federal. Durante a reforma política de 2015, com a janela partidária aberta naquele ano, trocou o PSDB pelo PRB, hoje Republicanos.

Republicanos deve apoiar Bolsonaro e Caiado em 2022

O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, confirma que o partido atua para estar no palanque do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do governador Ronaldo Caiado (DEM) nas eleições do ano que vem. Ambos serão candidatos à reeleição.

O partido vai iniciar conversações com o Palácio das Esmeraldas para propor a aliança com o Democratas, com João Campos figurando na chapa majoritária como candidato ao Senado da República. O Republicanos já deu sinais de que atua para a formatação Caiado governador/João Campos senador. O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, vê com simpatia a aproximação entre o partido e o governador.

Desde a posse de Cruz, em janeiro deste ano, Caiado tem mantido parceria administrativa com a Prefeitura de Goiânia, a exemplo do que fazia em relação à gestão de Iris Rezende. Estado e município já firmaram convênios que beneficiam a população de Goiânia em diversas áreas.

Este ano, Ronaldo Caiado tentou atrair para o seu governo o Republicanos, com convite ao deputado estadual Jeferson Rodrigues para assumir a Secretaria de Esportes, o que acabou não se confirmando. O Republicanos – nacional e estadual – vê como positiva a aliança com o Democratas devido à boa performance do Governo Caiado nos 246 municípios, confirmada pelas pesquisas.

Ainda não houve encontro oficial entre as direções dos dois partidos para tratar de alianças e coligações ao pleito do ano que vem, já que, em razão do distanciamento das eleições, o governador Ronaldo Caiado tem evitado tratar da agenda eleitoral. Em conversas reservadas, João Campos afirma ser natural a convergência do Republicanos com o Democratas, o que facilitaria a eleição do parlamentar para a única vaga de senador no próximo pleito.

O Plano B do Republicanos caso se inviabilize a coligação com o DEM: uma eventual aliança com o MDB. Só que Daniel Vilela, presidente estadual da legenda, descarta entendimento com o partido da Igreja Universal do Reino de Deus. Por isso, as conversas de João Campos e Gustavo Mendanha, prefeito de Aparecida de Goiânia, não prosperaram, o que frustrou o dirigente do Republicanos. Mendanha tenta abrir uma “janela” para futura aliança com o Republicanos, quem sabe ele próprio filiando-se ao partido.

Em nível nacional, o Republicanos apoia o Governo Bolsonaro no Congresso e ocupa o Ministério da Cidadania, através do deputado João Ramos (BA). Isso implica no compromisso do partido de apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022. (H.L.)

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