Brasil

Governadores reagem e acusam Bolsonaro de “só criar crises”

Da Redação

O Brasil é considerado hoje o pior país do mundo quanto ao combate ao novo coronavírus. E caindo ainda mais para o fundo do poço com a 2ª onda da Covid-19. O presidente Jair Bolsonaro abriu mão de liderar o enfrentamento à doença, ao contrário, fazendo de tudo para sabotar os esforços para superar a pandemia.

A última do Jair: divulgou um resumo dos recursos que a União repassou aos Estados, insinuando que o dinheiro, em vez de usado corretamente, desapareceu. Claro, Bolsonaro não acrescentou provas. Fez o que sabe fazer, jogou a suspeita no ar e fingiu que não era com ele.

Mas os governadores reagiram. Até Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que já rompeu com o presidente exatamente pela falta de pulso na luta contra a nova doença e vinha se reaproximando, manifestou indignação. Caiado surpreendeu ao assinar uma nota de governantes estaduais apontando os erros e a omissão do governo federal no momento em que o Brasil ameaça se transformar em uma grande Manaus, com a expansão descontrolada do coronavírus.

Uma avaliação da Folha de S. Paulo, nesta terça, 2, conclui que está havendo um “levante de governadores” para responsabilizar Bolsonaro, com consequências imprevisíveis. “O apocalipse sanitário à espreita do Brasil provocou um levante de governadores contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Tal clima de indignação pela falta de rumo e sabotagem intencional de ações coordenadas por parte do Planalto já havia sido registrado em abril do ano passado, mas agora a situação é muito mais grave.  Quase um ano se passou e, sem o devido preparo, o país se depara com variantes novas do Sars-CoV-2 mais transmissíveis e talvez mais letais para pessoas mais jovens, segundo a observação empírica nos hospitais”, escreveu o jornalista Igor Gielow, assinalando ainda:

“O presidente, acentuando o que já havia feito em outros momentos, resolveu culpar os governadores pela a ameaça de o Brasil virar uma grande Manaus, do ponto de vista epidemiológico. Em vez de dizer que ‘o Supremo me tirou o poder’, agora questiona ‘onde está o dinheiro que enviei?’ a Estados e municípios. Pegou mal. A aliados, Ratinho Jr., governador do Paraná, se disse inconformado com o tratamento dispensado pelo presidente, que mentiu ao listar repasses federais obrigatórios) como parte de um ‘pacote contra a pandemia’, além de ignorar os R$ 1,48 trilhão de impostos recolhidos nos estados que param na mão da União.”

A verdade é que o país está à beira de uma tragédia sanitária, que incomoda na medida em que a maioria do mundo adotou medidas de prevenção e combate ao vírus e está muitos passos à frente do Brasil. O governador Ronaldo Caiado, que é médico, não hesitou em se incorporar aos protestos dos Estados contra a inação de Bolsonaro – mesmo sendo considerado como um aliado potencial do presidente. 

A carta dos governadores: “Presidente só cria crises e não cuida dos brasileiros”

A carta pública dos governadores ao presidente Jair Bolsonaro, assinada também pelo representante de Goiás, Ronaldo Caiado, diz que é falsa a informação divulgada pelo chefe da Nação de que recursos repassados aos Estados teriam sido desviados. 

 Os governadores ressaltaram que a prioridade distorcida de Bolsonaro é “criar confrontos, construir imagens maniqueístas e minar ainda mais a cooperação federativa, essencial aos interesses da população.”

“Adotando o padrão de comportamento do presidente da República, caberia aos Estados esclarecer à população que o total dos impostos federais pagos pelos cidadãos e pelas empresas de todos [os] estados, em 2020, somou R$ 1,479 trilhão. Se os valores totais, conforme postado hoje [domingo], somam R$ 837,4 bilhões, pergunta-se: onde foram parar os outros R$ 642 bilhões que cidadãos de cada cidade e cada Estado brasileiro pagaram à União em 2020?”, afirma outro trecho da carta.

“A contenção de aglomerações preservando ao máximo a atividade econômica, o respeito à ciência e a máxima agilidade na vacinação constituem o cardápio que deveria estar sendo praticado de forma coordenada pela União, pois são o conjunto que busca a proteção à vida, o primeiro direito universal de cada ser humano. É nessa direção que nossos esforços e energia devem estar dedicados”, encerra a carta.

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