Aparecida

Léo Mendanha não queria morrer sem antes ver Gustavo no governo

Da Redação

O ex-deputado estadual Léo Mendanha, que perdeu a vida para a Covid-19 na noite de terça, 6, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o mesmo em que faleceu o prefeito eleito de Goiânia Maguito Vilela, alimentava ultimamente um sonho: queria ver o filho Gustavo, hoje prefeito de Aparecida, no cargo de governador de Goiás.

Ele dizia para todos que não queria morrer antes de “visitar o filho no Palácio das Esmeraldas”. Em agosto de 2020, antes da reeleição de Gustavo Mendanha, Léo deu uma entrevista ao blog Folha Z dizendo que estava tomando cuidados preventivos rigorosos para evitar o coronavírus exatamente para se preservar e chegar ao dia em que tinha certeza que o seu sonho se realizaria.

“Tenho 66 anos e sou cardíaco. Estou em verdadeiro isolamento há 6 meses para me resguardar do coronavírus, em uma chácara em Ivolândia [a 200 km de Aparecida], na beira do Rio Claro, onde fico totalmente isolado”, revelou ele, acrescentando: “Venho a Aparecida só para resolver demandas urgentes. Não quero correr o risco, quero ver meu filho governador. É melhor ficar sumido um ano do que pra sempre”.

Sete meses depois, já em março deste ano, a Covid-19 infectou e matou esse pai dedicado, que se orgulhava, quando cumpriu dois mandatos seguidos na Assembleia Legislativa, de 1995 a 2003, de ser chamado de “deputado caipira” e de formar na base de apoio do então governador Maguito Vilela, em seguindo integrando o bloco de oposição liderado pelo PMDB (essa era a sigla do MDB naquela época) contra o governador que se seguiu, Marconi Perillo.

Seu verdadeiro nome era Liosmar Evaristo Mendanha. Sempre foi um homem de hábitos simples, que nunca se envolveu em qualquer tipo de irregularidade – tendo passado por cargos executivos importantes na prefeitura de Aparecida, como secretário da Ação Urbana e Obras (1982-1988), secretário de Finanças do município (1992-1994). Antes, elegeu-se vereador (1988-1992) e depois deputado estadual por duas vezes. Foi candidato a deputado pela última vez, em 2006, quando foi eleito suplente com 7.889 votos, votação superior à de muitos parlamentares estaduais que ganharam assento na Assembleia, naquele pleito, em razão das distorções do quociente eleitoral.

Antes da política, foi técnico em transações imobiliárias e chegou a ser corretor de imóveis. Era ainda presbítero da igreja Assembleia de Deus. Além do filho que é prefeito, deixou também as filhas Daniela e Thaize. O vírus contaminou toda a família: além do prefeito Gustavo Mendanha, seus filhos (e netos de Léo) Gustavo Emanuel, de 2 anos, e Luísa, de 8, foram diagnosticados com Covid-19 na segunda quinzena de março. A sua mãe Sônia e seis tios também. Em seguida, foi a primeira-dama, Mayara Mendanha. Gustavo testou positivo para o vírus no dia 24 de março e, desde o dia 1° de abril, foi internado no Hospital Santa Mônica, em Aparecida, mas, na tarde de terça, seu exame já deu negativo para o vírus. Coincidência ou não, todos morando na cidade de grande porte que mais flexibilizou as medidas restritivas para evitar a disseminação do coronavírus.

Família quer fazer o possível para evitar as aglomerações

A chegada do corpo de Léo Mendanha em solo aparecidense estava prevista para até meia-noite desta quinta-feira, 8. Os preparativos são para que a despedida ocorra pela manhã, na praça da Cidade Administrativa, de onde o caixão seguirá para o cemitério em um caminhão do Corpo de Bombeiros.   

Segundo informações da prefeitura, serão adotados todos os cuidados de segurança sanitária para prevenir a Covid-19, que matou Léo Mendanha.  O sepultamento será no Cemitério Jardim da Paz, na Vila São Joaquim, em Aparecida, em horário ainda a ser divulgado.

“A gente entende o carinho que as pessoas têm com o pai do prefeito, mas temos que evitar aglomerações. Então, de maneira consciente faremos com que as pessoas não se ajuntem e possam prestar suas homenagens finais à distância”, informou um dos parentes próximos. 

O propósito da família é tentar manter um distanciamento entre as pessoas, ao contrário do que houve durante as cerimônias fúnebres do ex-prefeito de Aparecida Maguito Vilela, quando ocorreram aglomerações. “Teremos a ajuda da Guarda Municipal para controlar o público e evitar a todo custo ajuntamentos de pessoas”, disse a mesma fonte. “Temos que nos preocupar com isso porque estamos aprendendo de uma maneira muito dolorida o que é inoportuno neste momento de pandemia. Desde já agradecemos o carinho e homenagens de todos, mas quanto menos aglomerações, melhor. A imprensa e as redes sociais irão transmitir ao vivo, permitindo que todos acompanhem em casa, com segurança, sem precisar sair e correr riscos”, explicou.  

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