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Mendanha faz barulho, mas, no final, deve acatar aliança entre MDB e DEM

Apesar do circo armado em torno da sua contrariedade com a proposta de aliança entre o MDB e o DEM, a caminho de se formalizar com maciço apoio dentro do partido, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha deve, no final das contas, se acomodar e dar o seu apoio à composição – honrando seu compromisso histórico com o presidente estadual do partido Daniel Vilela e com a memória do seu “padrinho político” Maguito Vilela.

Emedebistas experientes têm mostrado confiança no posicionamento final de Mendanha. “Ele é uma liderança ainda em formação, às vezes é movido por impulsos e até por ressentimentos, mas, aos poucos, está amadurecendo e enxergando a realidade e as perspectivas para o futuro”, observa um dos mais icônicos membros do partido, que mora em Catalão e lembra que Adib Elias, prefeito da cidade, também já foi assim e hoje é um político sereno e equilibrado.

Há outros da velha guarda do MDB que compartilham o mesmo pensamento. Um deles, que ocupa um cargo no 2º escalão do secretariado do governador Ronaldo Caiado, dá a sua opinião: “Ele, o Gustavo, sempre foi um político municipal, restrito às fronteiras de Aparecida. Mas, com essa conversa de lançamento de candidatura própria do MDB, começou a aparecer nos jornais, passou a ser assediado e a ser bem tratado por gente como o ex-governador Marconi Perillo e o presidente da FIEG Sandro Mabel, pessoas que ele admira e que sempre viu como superiores.

Isso sobe à cabeça, alimenta a vaidade, mas é suficiente para bancar uma aventura. Ele só está aproveitando os seus minutos de fama, mas aposto que vai acabar ombreado com Daniel Vilela e com Iris Rezende, senão estará se suicidando politicamente falando”, raciocina.

O Jornal Opção, em suas análises sobre o prefeito aparecidense, lembra que “Mendanha ainda não tem cultura política, sabedoria pessoal e perspectiva histórica”, ressaltando a sua pouca ou nenhuma leitura, já que tem formação “universitária” como professor de Educação Física, um curso superior, de fato, nada contra, mas voltando para o culto do corpo e não da mente. Além disso, cresceu em um ambiente político apequenado, marcado por picuinhas, como o de Aparecida, a tal ponto que o seu pai, o falecido (mais uma vítima da Covid-19) Léo Mendanha, chegou a ocupar uma cadeira na Assembleia por dois mandatos, mas, devido ao seu foco municipal e não estadual, era chamado de “deputado caipira” – apelido do qual dizia se orgulhar.

Mendanha é um “prefeito caipira”? Não. Mas é um político que só agora está expandindo os seus horizontes e talvez nunca mais receber críticas como as que a ele fizeram o presidente estadual do PSD Vilmar Rocha e o deputado federal Major Vítor Hugo, que o classificaram, em resumo, de vazio e sem ideologia. Isso, na verdade, quer dizer que o prefeito do 2º centro urbano mais populoso do Estado não tem consciência do seu papel, nunca formulou um projeto de futuro para o município que dirige, quem diria para o Estado que agora sonha em governar. E que precisa reagir.

“Ele, se for inteligente, vai aproveitar essa estória de candidatura própria para crescer, mas fechar no fim com seu ‘irmão’ Daniel Vilela e com a maioria do MDB, apoiando a reeleição de Caiado”, dizem os emedebistas ouvidos nesta reportagem. “Vai entender que precisa se vincular a quem realmente tem consistência política e ao que é melhor para Goiás, não ficar perdendo tempo fazendo o que assessores de baixo nível o aconselham a fazer”, completa um deles.

E o Jornal Opção finaliza: “Gustavo Mendanha e Daniel Vilela são ‘irmãos’ por escolha, não por conveniência. Um não trai o outro. Devem caminhar juntos em 2022 — qualquer que seja o projeto de ambos. É provável que, daqui pra frente, ele ouça menos os secretários André Rosa e Fábio Passaglia, que são os principais defensores de uma candidatura de Mendanha a governador e estariam propugnando pelo afastamento de Daniel Vilela. Eles são ligados a Sandro Mabel, o que explica tudo”, sustenta o jornal.

Na “guerra” contra Caiado, prefeito só consegue o apoio de três aliados

Fora os políticos de Aparecida, todos, sem exceção, pendurados na folha de pagamento da prefeitura, o prefeito Gustavo Mendanha só conseguiu até hoje o apoio de 3 aliados na “guerra” que abriu contra o governador Ronaldo Caiado: o ex-governador Marconi Perillo, o deputado estadual Paulo Cezar Martins e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás Sandro Mabel.

É um trio que mais atrapalha do que ajuda. Marconi enfrenta desgastes terríveis depois da derrota acachapante que tomou em 2018 e dos casos policiais e judiciais em que está envolvido; Paulo Cezar Martins é um destrambelhado que tem a característica de atuar isoladamente, cuidando apenas dos seus interesses pessoais; e Sandro Mabel, também envolvido em escândalos sucessivos ao longo da sua carreira parlamentar, tornou-se uma espécie de figura folclórica da política estadual, que ninguém leva a sério.

Ninguém mais acompanha Mendanha na tentativa de atrapalhar a aliança do MDB com o DEM de Caiado, que deve resultar em uma chapa única com Daniel Vilela na vice e um futuro brilhante pela frente – já que o acordo pavimenta o seu caminho para o governo do Estado na sucessão de Caiado, em 2026. O que espanta quem poderia se alinhar com Mendanha é que a sua oposição a Caiado não é política nem baseada em ideias, mas sim a manifestação de um ressentimento pessoal.

Na eleição de 2020, o governador apoiou Márcia Caldas, do Avante, como candidata a prefeita de Aparecida. Mendanha odiou, mas não é só. As operações da Polícia Civil investigando corrupção na gestão aparecidense e no Hospital Municipal também pesaram. Mendanha, mesmo diante das evidências apresentadas, preferiu acreditar que se tratava de perseguição política.

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