Aparecida

Modelo de zoneamento contribuiu para o crescimento de óbitos e casos registrados no município

A pandemia se agravou em março. Conforme noticiado pelo Diário de Aparecida, a média diária de mortes chegou a 8,3 e não é por acaso. O município registrou 239 óbitos em decorrência da Covid-19 neste período. Foi quase metade do total de 546 óbitos registrados no mês de março no município. Cenas de aglomerações na cidade são cada vez mais comuns, ao passo que pontos comerciais aparecidenses e feiras livres funcionam livremente.
A primeira morte confirmada por coronavírus no município foi registrada no dia 12 de abril de 2020. Nesse dia, a Secretaria Municipal de Saúde comunicou que uma mulher de 45 anos teria contraído o novo vírus e havia morrido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Goiânia (HGG). Segundo o boletim epidemiológico do município, a mulher tinha doenças crônicas e o quadro clínico era grave. A notificação positiva de Covid-19, doença decorrente do vírus, foi registrada no dia 11 de abril de 2020.
Conforme a secretaria, a mulher não teve histórico de viagem nem contato com nenhum caso confirmado de Covid-19. Por isso, a cidade passou a ser considerada um local de transmissão comunitária do vírus.
Em cinco meses de 2020, 509 aparecidenses morreram vítimas do coronavírus, contrastando violentamente com os números do 1º trimestre de 2021, quando foram registrados 484 óbitos, uma alta de 95% em relação a todo o ano de 2020.
Aparecida tem a maior taxa de incidência do novo coronavírus dentre os municípios com mais de 100 mil habitantes em Goiás, com aumento também no número diário de mortes (de duas por dia em dezembro para oito por dia em março), enquanto o sistema de saúde municipal esteve praticamente colapsado em quase todo mês passado, sem disponibilidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou até mesmo de enfermaria para atender os pacientes.
Apesar dos números, a Prefeitura de Aparecida disse que o modelo de abertura escalonada do comércio, indústria e serviços teria ajudado a estabilizar o avanço da doença, porém o que se vê desde dezembro é o aumento das mortes diárias na cidade. Com cenas chocantes mostradas em edições passadas do DA nos cemitérios locais, exibindo sequência de valas abertas para receber caixões – em dezembro, eram cerca de duas mortes por dia, índice que se manteve em janeiro; em fevereiro subiu para aproximadamente cinco mortes por dia, e em março superou oito mortes por dia.
Um dos fatos polêmicos com relação às falhas do isolamento social em Aparecida é que os motéis foram considerados atividades essenciais pela prefeitura e continuam funcionando normalmente. E ainda as feiras livres, como a do Setor Garavelo, também autorizadas pela prefeitura, acabaram virando cenário de aglomerações, uma situação de risco, já que o índice de ocupação de UTIs na cidade ainda é alto.
“A ideia de zoneamento é um pouco ingênua, mas atende aos comerciantes. Não leva em consideração que o vírus circula e as pessoas andam, pegam ônibus e visitam outros lugares”, disse, em entrevista ao Diário da Manhã, o biólogo Matheus Santos, especialista em Genética pela Universidade Federal de Goiás. (E.M.)

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