Aparecida

Modernizar a gestão, diminuir o marketing e fazer o que Aparecida realmente precisa

Quando foi prefeito de Aparecida, por dois mandatos, Maguito Vilela proporcionou um ganho de qualidade para a gestão administrativa do município que pode ser considerado fundamental para o avanço obtido na sua gestão: eliminou em grande parte a politicagem miúda que era a característica do processo de poder dos seus antecessores.
Maguito é um prefeito que pode ser considerado como um divisor de águas para Aparecida: antes dele, embora vez ou outra experimentando bons momentos, o que predominava era a visão paroquiana das lideranças miúdas e pouco conscientes da verdadeira grandeza da cidade. Como era maior do que esse mundo de pequenezas e interesses fisiológicos baratos, ele transformou a história da cidade-dormitório e a colocou como a terceira em tamanho quanto à economia dentro do contexto dos 246 municípios goianos.
Infelizmente, o trabalho de Maguito não teve sequência. O sucessor que ele escolheu e elegeu, Gustavo Mendanha, deu uma volta atrás e implantou uma estratégia de conquista da unanimidade graças aos cofres públicos, isto é, com base na generosa distribuição de cargos comissionados para a classe política, a tal ponto que tem hoje o apoio de 21 partidos e dos 25 vereadores da cidade. É claro que não saiu barato.
Mendanha não fez jus ao legado de avanço e modernização do falecido líder do MDB. A começar pelo machismo: seu secretariado tem 26 homens e uma única mulher, a sua esposa, Mayara Mendanha, convenientemente nomeada, com salário e tudo, para a Secretaria de Assistência Social. Mais: em sua maioria, o secretariado não é técnico e sim, político, atendendo às conveniências de composição política do prefeito.
O desemprego gerado pela pandemia da Covid-19 não chegou ao numeroso serpentário político de Aparecida. De uma forma ou de outra, todos os que têm alguma expressão ou representação partidária estão abrigados na folha de pagamento. Uma infinidade de cargos foi criada – entre secretarias executivas, superintendências, chefias de gabinete, diretorias e assessorias – para abrigar os apaniguados dos partidos e dos vereadores. Com a moeda dos salários, todos os ajustes, a favor do prefeito, são pagos com os preciosos recursos dos contribuintes aparecidenses.
Para vencer o atraso e levar Aparecida a um salto histórico de desenvolvimento, Maguito afastou esse tipo de concessão dos seus dois governos e escreveu um novo capítulo na história municipal. Infelizmente, esse caminho foi abandonado. Os milhões dos cofres da prefeitura, que poderiam resolver problemas graves como a falta de vagas nos Cmei’s, os bairros abandonados ou a fome que ressurgiu entre as famílias em vulnerabilidade social, são desperdiçados mensalmente com o pagamento do apoio político que alimenta os sonhos do prefeito para alçar voos mais altos na sua carreira.
Ao escolher o então presidente da Câmara Municipal para ser o seu sucessor, Maguito Vilela acreditava que a sua administração teria continuidade e que todos os seus projetos e programas seriam concluídos. Mas os dois são como água e vinho: não se misturam quando se refere à gestão pública. O criador, Maguito, sempre foi conciliador, moderado, equilibrado, humilde e atencioso: o sucessor – a criatura –, vaidoso, individualista, soberbo, arrogante e intempestivo, adepto do marketing a qualquer custo e convencido de que pode até vir um dia a mandar em Goiás.

Mendanha está no 5º ano de mandato, mas não respondeu aos desafios do 1º

No início de seu quinto ano como prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha não consegue deslanchar a sua administração: a pavimentação asfáltica não avança, não há reformas de escolas, nem construção de novas unidades de ensino, muito menos Cmei’s. Na saúde, os prédios municipais estão sem reforma e faltam profissionais e equipamentos médicos.
O hospital municipal está, há dois anos, mergulhado em uma crise de gestão. O prefeito não cumpriu a promessa de espalhar 650 novas câmeras de videomonitoramento pelas ruas e avenidas de Aparecida para dar segurança à população.
Não passou de discurso o compromisso de que, com a Cidade Administrativa, haveria economia no pagamento de aluguéis de imóveis, redução dos gastos com combustíveis e de manutenção de carros da prefeitura – que não precisam mais se deslocar entre secretarias – e diminuição nas contas de telefone, vez que agora secretários e servidores podem interagir pessoalmente, no mesmo prédio.
A chamada transparência na gestão, tão repetida nos discursos do prefeito, não ocorreu de fato, o que mergulhou a prefeitura em um ambiente nebuloso, com operações da polícia para investigar malfeitos, a exemplo da que houve no hospital municipal. Para quem prometeu uma “gestão modelo”, é muito pouco a inauguração de seis Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e um Centro de Especialidades em mais de quatro anos.
Também não se efetivou a mensuração de resultados, na telemedicina e na qualificação profissional, de todas as inovações através da parceria mantida com o renomado Hospital Sírio-Libanês.
Até agora não se concretizou a construção de quatro eixos estruturantes, no sentido Leste-Oeste, que se somarão a outros cinco eixos semelhantes, no sentido Norte-Sul, já existentes na cidade. O prefeito tentou endividar ainda mais o município de Aparecida com recursos de um empréstimo de R$ 135 milhões contratado junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina.
Mendanha também não conseguiu implementar, nas escolas da rede municipal, ensino de robótica. “A robótica ativa o interesse dos alunos em inglês, química e outras matérias”, discursou o prefeito Gustavo Mendanha. Anos depois, nada aconteceu.

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