Política

Partidos não conseguem motivar mulheres a concorrer às eleições

Em Aparecida, 2º maior colégio eleitoral do Estado, ao menos 7 mulheres se dispõem a concorrer a deputada federal e a deputada estadual ao pleito deste ano

Agência Câmara/Luis Macedo600

Helton Lenine

A cada eleição, é uma correria dos partidos em busca de mulheres para preencher a cota feminina de 30% para as chapas proporcionais (deputado federal e deputado estadual). Mas nem sempre as siglas conseguem o número suficiente de mulheres e acabam gerando as chamadas “candidatas/laranjas”, aquelas que constam do registro na Justiça Eleitoral, mas estão lá apenas para o preenchimento das cotas.

 

Esse ambiente de tensão ocorre praticamente em todos os partidos, que, com dificuldades, buscam

candidatas em Goiânia, Aparecida, Anápolis e outras cidades maiores do Estado, como Catalão, Itumbiara, Rio Verde, Luziânia, Formosa e Águas Lindas de Goiás.

 

Com um cenário político de maciça participação numérica de homens, Aparecida tem pelo menos até agora 7 mulheres que se preparam para entrar na disputa eleitoral deste ano: a vereadora Camila Rosa (PSD), Maria Machadão (Avante) e Professora Meire (Agir) à Câmara dos Deputados.

 

Já Patrícia Alencar (Podemos), Márcia da Saúde (PSB), Cida Pereira (Cidadania) e Dona Lúcia Quilombola (MDB) buscam vaga na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). Vale lembrar que, atualmente, a cidade não possui representação feminina tanto na Alego quanto na Casa Federal. A falta de apoio dos partidos políticos é o principal motivo para mulheres não se candidatarem a cargos políticos, conforme constatação de uma pesquisa encomendada pela Procuradoria da Mulher no Senado e divulgada pelo DataSenado.

 

Os dados revelam que 41% das entrevistadas deram essa justificativa para a pouca participação feminina no processo eleitoral. De acordo com o resultado, 25% das pesquisadas apontaram a falta de interesse por política, 19% indicaram a dificuldade de concorrer com homens, 7% reclamaram da falta de apoio familiar e 5% preferem dedicar o tempo às tarefas domésticas.

 

“A grande barreira para a participação das mulheres é a própria estrutura partidária. Os partidos não garantem condições para as mulheres concorrerem em pé de igualdade com os homens”, destacou o assessor especial da Secretaria de Transparência do Senado, Thiago Cortez. A consulta revelou ainda que, para 83% dos pesquisados, o candidato ser homem ou mulher não faz qualquer diferença na hora de votar. O mesmo levantamento sinalizou que 79% disseram já ter votado em alguma mulher para ocupar cargo político, 20% nunca votaram e 1% não sabe ou não respondeu.

 

“O eleitorado está disposto a votar em mais mulheres e não considera o sexo do candidato na hora de optar pelo voto. Muito pelo contrário. Alguns indícios indicam que, quando há predileção, é justamente por mulheres”, acrescentou Cortez.

 

O pesquisador reconheceu que, apesar da Lei Eleitoral destinar 30% das vagas às mulheres, o fato de

não haver sanção para as legendas que descumprem a norma é um grande problema. Segundo ele, propostas políticas prevendo igualdade entre os sexos tem apoio da maioria dos entrevistados.

 

“As mulheres estão cada vez mais na liderança das empresas, dos próprios negócios e da própria casa. De acordo com a pesquisa nacional por amostra de domicílios do IBGE, 49% das mulheres empreendedoras são chefes de família. Precisamos delas também na política. E não só em cargos eletivos, mas também lutando por melhorias no seu bairro e na sua comunidade por uma melhor qualidade de vida. Quanto mais mulheres engajadas, melhor a busca por soluções para o nosso dia a

dia”, afirmou Thiago Cortez.

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