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Poupança registra retirada recorde de R$ 19,66 bilhões em janeiro, diz Banco Central

Saída de recursos coincide com gastos tradicionais de início de ano, como impostos e viagens, além de alta no endividamento das famílias

Da Redação

As retiradas nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 19,665 bilhões em janeiro deste ano, informou nesta sexta-feira, 4, o Banco Central. Essa foi a maior retirada líquida (acima do volume de depósitos) mensal já registrada pelo BC. A série histórica da poupança tem início em janeiro de 1995.

 

De acordo com a instituição, no mês passado os depósitos somaram R$ 260,494 bilhões. Já as retiradas totalizaram R$ 280,159 bilhões. O movimento de recursos da poupança coincide com os tradicionais gastos de início de ano, como matrícula e material escolar, além de impostos como o IPVA, IPTU em alguns municípios, compras de Natal parceladas e viagens de férias.

 

Os saques de recursos também acontecem em um momento de alta no endividamento das famílias. Segundo dados do BC, o endividamento das famílias com os bancos, em relação à renda acumulada em 12 meses, atingiu 51,1% em outubro do ano passado (último dado disponível) — novo recorde.

 

Volume total de recursos

Com a saída de recursos da poupança no mês passado, o estoque dos valores depositados, ou seja, o volume total aplicado, registrou queda. Em dezembro do ano passado, o saldo da poupança estava em R$ 1,030 trilhão, passando para R$ 1,016 trilhão em janeiro deste ano.  Além dos depósitos e dos saques, os rendimentos creditados nas contas dos poupadores também são contabilizados no estoque da poupança. Em janeiro deste ano, os rendimentos somaram R$ 5,39 bilhões.

 

Rendimento da poupança

A saída de recursos coincide com a baixa rentabilidade da poupança, que tem perdido para a inflação.  Segundo dados da provedora de informações financeiras Economática, com a inflação oficial do país fechada em 10,06% em 2021, a poupança encerrou o ano com a pior rentabilidade real em 31 anos. Descontada a inflação, a caderneta teve um rendimento negativo de 6,37% em 2021. Foi o pior retorno desde 1990, quando o rendimento real (descontado o IPCA) foi de -22,44%. Em 32 anos a poupança teve perda de poder aquisitivo em oito oportunidades, de acordo com o levantamento. O melhor resultado foi registrado em 1995, com ganho de poder aquisitivo de 14,68% no ano.

 

Aumento dos juros básicos

Mesmo com o aumento recente da taxa básica de juros para 10,75% ao ano, que irá melhorar o retorno de investimentos de renda fixa, a poupança seguirá com o retorno travado em 6,17% ao ano + TR (Taxa Referencial). Desde o final do ano passado, quando a Selic ultrapassou o percentual de 8,50% ao ano, a rentabilidade da poupança voltou à regra antiga, deixando de pagar 70% da taxa básica de juros. A regra atual fixa o rendimento da poupança em 0,5% ao mês + TR, ou 6,17% ao ano + TR – o mesmo que já era pago para a chamada “poupança velha” (depósitos feitos até abril de 2012).

A regra em vigor é a seguinte:

  • Selic de até 8,5%: rendimento limitado a 70% da Selic + TR para novos depósitos e rendimento de 0,5% ao mês + TR (6,17% ao ano + TR) para depósitos feitos até 2012

  • Selic maior que 8,5%: rendimento fixo de 0,5% ao mês + TR , ou 6,17% ao ano + TR, para depósitos novos e antigos – independente da taxa de juros que estiver em vigor

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