Aparecida

Professores da rede pública municipal de Aparecida repudiam retorno presencial

Entidade lembra que mesmo quem está totalmente vacinado pode contrair a Covid-19

Eduardo Marques

O Comando de Luta da Educação de Aparecida de Goiânia, por meio de nota publicada na última quarta-feira, 19, no blog oficial da entidade, repudia o retorno presencial nas unidades públicas municipais diante do aumento exponencial de casos da Covid-19 e, segundo a entidade, sem a imunização completa das crianças. O calendário de 2022 da prefeitura colocou o retorno de crianças às salas de aula para a próxima segunda-feira, 24, mas a imunização desse público contra a Covid-19 só finalizará, se seguir o cronograma normalmente, em fevereiro. “Retorno de 100% é uma tragédia!”

O Comando de Luta lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a Ômicron como variante altamente contagiosa e pode infectar mesmo quem está totalmente vacinado. “Diante desse cenário, de aumento explosivo nos casos de Covid-19, e em meio a uma aceleração de contágio que está sobrecarregando, mais uma vez, os sistemas de saúde, avaliamos que o correto é o adiamento do retorno presencial nas instituições”.

O Comando de Luta conclama a categoria a reagir contra o atual sistema adotado pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia. “Quantas pandemias serão necessárias para que esses governantes entendam a necessidade de investir dinheiro da educação na educação? Se passaram 2 anos de pandemia, estamos entrando no terceiro e até hoje as instituições estão como antes da Covid-19. Com a doença em alta, o governo negligenciando a vacinação de crianças, falta de estrutura adequada para garantir segurança, conclamamos a categoria a se levantar por um retorno presencial escalonado de acordo com a imunização das crianças e pela vacinação delas”.

A entidade cobra da prefeitura do município alternativas para evitar exposição das crianças e colaboradores a Covid-19. “Com uma transmissão cada dia maior, a Secretaria Municipal de Educação e a Prefeitura de Aparecida de Goiânia têm que pensar em formas de tentar diminuir a exposição ao Coronavírus, estamos vivenciando um novo ciclo pandêmico, e agora somando com o surgimento de outros vírus respiratórios. Nossas instituições em sua grande maioria, são de prédios antigos e sem ventilação adequada, salas pequenas, e superlotadas. Sem álcool, máscaras, lembrando, que agora o ideal é usar cirúrgicas, pois as de pano protegem menos contra a nova variante.

A entidade destaca os benefícios da vacinação pediátrica contra a Covid-19. “Em meio ao crescimento de casos de H2N3 entre os pequenos, e o aumento exponencial do contagio pela variante Ômicron, a vacina pode evitar quadros graves e reduzir a possibilidade de transmissão da infecção entre estudantes e familiares. A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] liberou o imunizante da Pfizer para as crianças entre 5 e 11 anos no dia 16 de dezembro. Para esse público, a aplicação será de duas doses de 0,2 mL com pelo menos 21 dias de intervalo. Mas o governo Federal seguiu até então, trabalhando para boicotar a proteção da vida dos mais jovens”, informa a nota.

Ainda de acordo com a nota, “como já evidenciado por especialistas, as crianças normalmente (não é regra) não desenvolvem casos graves, entretanto, são fontes de transmissão. Então, o certo é que se avançasse no processo de vacinação dessas crianças de 5 a 11 anos para que o retorno das aulas seja mais tranquilo para todos”.

Prefeitura despreza categoria e mantém atual sistema de aula

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Aparecida de Goiânia esclarece que, até o presente momento, a determinação é de que as aulas ocorram apenas no modelo presencial, tendo em vista que a lei do Regime Especial de Atividades Não Presenciais (REANP) perdeu sua validade em dezembro do ano passado. Qualquer mudança na orientação dependerá de deliberação do Conselho Municipal que, por sua vez, pauta suas decisões com base nas decisões da Secretaria Municipal de Saúde.

Para a prevenção da disseminação do Covid-19, a SME está seguindo as orientações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Será respeitado o distanciamento seguro e mantida a obrigatoriedade do uso de máscara no recinto escolar, tanto durante as atividades de sala, quanto nas atividades recreativas externas. As unidades terão também à sua disposição materiais para a higienização adequada, tais como o detergente para a lavagem das mãos e álcool 70%.

De acordo com a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, a vacinação está avançada na terceira dose para professores, servidores e comunidade escolar acima de 12 anos. Nesta semana, a Secretaria Municipal de Saúde iniciou a imunização de crianças de 5 a 11 anos, seguindo as diretrizes estipuladas pelo Ministério da Saúde.

Além disso, a SMS iniciou também, ontem, 20, de manhã uma série de visitas em escolas da cidade para vacinar crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19. A campanha foi aberta no Colégio Estadual Jardim Cascata, principal escola da comunidade quilombola loca. Neste primeiro ciclo de imunizações, que se estenderá até 28 de fevereiro, as equipes da SMS visitarão mais de 50 colégios públicos e privados, mas outras escolas deverão ser contempladas até o final da campanha. A SMS escolheu o Colégio Jardim Cascata para abrir a maratona de visitas devido ao local ser destinado à comunidade quilombola, considerada prioritária na vacinação infantil no País. (E.M.)

Entidade esclarece que casos de miocardite decorrente da Covid-19 são mais comuns que os ocasionados pela vacina

Os possíveis efeitos colaterais da vacina contra a Covid-19 não podem ser considerados como recorrentes, explica a Sociedade Goiana de Pediatria (SGP). Nos últimos dias uma informação sobre o surgimento de casos de problemas cardíacos como consequência da vacinação voltou a circular em grupos de mensagens e redes sociais. Baseada em evidências científicas, a entidade esclarece que a chance de um evento adverso, como a miocardite, é 20 vezes maior em pacientes pediátricos não vacinados que se infectam com o coronavírus.

A SGP é categórica ao dizer que a vacinação supera os possíveis riscos associados ao imunizante e reforça a posição de apoio à decisão da Anvisa de permitir a aplicação das doses em pacientes da faixa etária entre cinco e 11 anos. Uma nota divulgada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), explica que “a evolução dos casos de miocardite e pericardite pós-vacina tem sido benigna em praticamente todos os casos, havendo recuperação total em cerca de uma semana, sem relatos de complicações mais graves”.

O departamento de Cardiologia Pediátrica da SGP, em concordância com as entidades acima mencionadas, também confirma que crianças portadoras de cardiopatias são um grupo mais suscetível às complicações ocasionadas por infecções respiratórias, sejam elas bacterianas ou virais. Por isso, a vacinação contra covid-19 nestes casos é extremamente necessária no atual momento. Como base de comparação, análises mostram que os efeitos da vacina Comirnaty (Pfizer/BioNTech) são muito parecidos com os de outros imunizantes que já são utilizados por pacientes pediátricos cardiopatas. (E.M.)

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