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Sem mercado no Brasil, JAC Motors nega fábrica de carros em Aparecida

Da Redação

A anunciada instalação de uma fábrica de veículos elétricos em Aparecida, que tomou conta do noticiário na semana passada, é mais um sonho impossível do que algo capaz de se transformar em realidade. A montadora seria da multinacional chinesa JAC Motors, através de seus representantes no Brasil, liderados pelo empresário Sérgio Habib – que já anunciou a produção de veículos da marca em Goiás e na Bahia, que nunca se concretizou.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, na edição da última quinta-feira,4, “a JAC Motors negou qualquer possibilidade de construir uma fábrica de carros elétricos em Goiás. Segundo a chinesa, o volume de vendas desses veículos hoje no país é insuficiente para viabilizar a produção local.”

Outro fator que depõe contra a hipótese de uma fábrica de carros elétricos em Aparecida é que esse tipo de veículo, no momento, é isento da taxa de importação de 35% – e, portanto, fica mais em conta trazer carros prontos do exterior do que montá-los aqui no país.

A especulação sobre a fábrica da JAC Motors causou furor na prefeitura de Aparecida: a atração de investimentos industriais foi o ponto fraco do 1º mandato do prefeito Gustavo Mendanha, a ponto do deputado federal Glaustin da Fokus (PSC), ele mesmo um grande empresário do município, comentar para o Diário de Aparecida, na semana passada, que houve uma desaceleração na chegada de novas empresas desde que o atual prefeito assumiu.

Glaustin citou especificamente as gestões dos ex-prefeitos de Aparecida Ademir Menezes (1997/2000), José Macedo (2005/2008) e Maguito Vilela (2008/2016), que trouxeram centenas de empresas geradoras de emprego para o município. “Gustavo Mendanha é um bom gestor, porém, se estabelecida uma comparação entre as empresas que vieram para Aparecida na sua gestão e as que acorreram no passado, o fiel da balança vai desfavorecer o atual prefeito, ainda mais quando se lembra que, na campanha passada, a geração de empregos foi uma das principais promessas da campanha passada”, disse o parlamentar ao DA.

Até o sisudo jornal O Popular embarcou na canoa furada da montadora da JAC Motors em Aparecida. Sérgio Habib, que representa a marca no Brasil, construiu um retrospecto negativo em Goiás. Em 2012, ele procurou o então governador Marconi Perillo para uma consulta sobre a doação de terreno e concessão de incentivos fiscais para viabilizar uma fábrica em Goiás, recebeu resposta positiva, mas em seguida desapareceu. Anos depois, já em 2017, voltou ao Estado para discutir a fabricação de veículos na planta da Mitsubishi-Suzuki em Itumbiara, que ele estaria comprando, anunciando um investimento de R$ 200 milhões… que jamais saiu do plano das intenções.

É esse mesmo Sérgio Habib que está agora por trás da conversa, ao que tudo indica ilusória, da fábrica de carros elétricos em Aparecida, desmentida pela multinacional chinesa e mesmo considerada economicamente inviável diante da falta de mercado e do desestímulo representado pela importação a custo tributário zero. 

Maronezi ainda acredita que o investimento virá

O presidente da recém criada Companhia de Desenvolvimento de Aparecida – CODAP Luiz Maronezi defende o projeto da instalação de uma fábrica de carros elétricos em Aparecida como viável.

Maronezi informa que a JAC Motors não produziria em Aparecida somente carros elétricos, mas também à combustão. O presidente da CODAP conta que fez até um test-drive em um carro elétrico da multinacional chinesa e gostou muito. Segundo ele, a possibilidade de instalação de uma unidade para montar veículos no município está sendo discutida pelo fato de Aparecida ser o local mais propício, principalmente sob o aspecto logístico, para a distribuição de veículos para todo o país. 

“Oferecemos ajuda no que for possível, inclusive com incentivos fiscais do Estado”, destaca Maronezi, que já foi secretário estadual de Desenvolvimento e atuou na atração de empresas para Goiás. Este será um dos primeiros projetos que serão trabalhados pela recém-criada CODAP para buscar novos investimentos para o município, disse ele.

Em 2016, ele representou o governo de Goiás em uma viagem a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, quando assinou um protocolo com uma empresa local para a instalação de uma fábrica de equipamentos policiais em Goiás. 

Pelo documento, a Caracal International LLC começaria a operar até o final de 2017 em território goiano, produzindo armamento, munições, drones e veículos especiais que seriam exclusivos para forças de segurança pública do Brasil e com atenção voltada para o mercado da América Latina, gerando 1.250 empregos – na condição de única planta industrial bélica instalada no país. 

Apesar das fotos e da intensa divulgação que foi feita, o projeto nunca foi adiante. 

Em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, presidente da CODAP Luiz Maronezi posa com o sheik árabe Hamad Al Almeri, presidente da Caracal: fábrica ficou no papel

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