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Com quase 10% das mortes em Goiás, Aparecida está ameaçada de colapso

A expansão descontrolada da Covid-19 em Aparecida, levando o município a uma situação crítica conforme o mapa da doença em Goiás elaborado pela Secretaria estadual de Saúde, pode se agravar ainda mais: o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) anunciou que não vai seguir as orientações das autoridades sanitárias do governo do Estado e se recusou a baixar medidas restritivas mais rígidas para a proteção da população.

As mortes pelo novo coronavírus entre os aparecidenses estão chegando nesta semana a 700 ou quase 10% do total do Estado, hoje pouco acima de 8 mil óbitos. O número de casos também disparou e está chegando a 50 mil, registrando-se no momento entre 500 e 600 pacientes internados para tratar da Convid-19. Esses números são exponenciais e indicam um estado de calamidade sanitária que pode levar a um colapso do sistema de saúde de Aparecida.

Mesmo assim, o prefeito Gustavo Mendanha decidiu não obedecer às normas técnicas expedidas pela Secretaria estadual de Saúde para que os municípios consigam superar a segunda onda da pandemia. Gustavo Mendanha diz que o município possui um comitê, desde o início da crise do coronavírus, que analisa periodicamente a situação do município. “Vamos continuar fazendo este trabalho com a ajuda dos técnicos e também com o apoio do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) que faz parte do time que toma as decisões aqui”, afirma o prefeito. Por conta de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), os municípios têm independência para promover as próprias ações no combate à Covid-19

Em Aparecida, bares, locais de recreação e templos continuam funcionando com lotação bem acima do recomendado pelo parecer técnico da Saúde estadual, que é de 30%. Pior: a prefeitura liberou a realização de eventos, desde que o número de pessoas não ultrapasse 150, mas ainda assim caracterizando aglomeração propícia para a propagação do vírus. 

Podem surgir problemas para a prefeitura. O Ministério Público Estadual, usado como argumento por Gustavo Mendanha para não seguir a recomendação de endurecimento da prevenção, não compactua com o prefeito. Segundo o procurador-chefe Aílton Vecchi, o parecer técnico da Secretaria estadual de Saúde é “cogente”, isto é, tem validade jurídica e pode ser usado pelo MP-GO para repassar, inicialmente, recomendações para os municípios, como, por exemplo, já é feito pelo órgão no processo de vacinação contra a Covid-19. Caso as recomendações não sejam o suficiente para os municípios se adequarem às normas exigidas, entraremos com outras medidas”, prometeu o procurador-chefe Em suas próprias palavras: “O Ministério Público vai responsabilizar criminalmente gestores que descumprirem as normas e a legislação para conter o avanço da Covid-19 em Goiás.”

Para fugir dos desgastes, Mendanha recusa orientação técnica e mantém ritmo normal de atividades na cidade 

O prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha anunciou que não vai seguir as orientações da nota técnica da Secretaria estadual de Saúde que recomenda aos municípios a adoção de medidas mais rígidas de prevenção sanitária para impedir a expansão descontrolada da Covid-19 em Goiás.

Mendanha teme os desgastes que a restrição das atividades econômicas e sociais costuma gerar entre a população. O viés, portanto, é político. Mas o problema é que Aparecida já aparece no mapa de calor da Secretaria estadual de Saúde de Goiás em situação crítica. O dado mais pernicioso é o que aponta para a contínua alta da ocupação dos leitos de UTI disponíveis no município para o tratamento de pacientes graves do coronavírus. Acima de 80% de lotação, há a previsão de que, até o início da semana que vem, a oferta poderá se esgotar, ou seja, a ocupação chegaria aos 100% – colapsando o sistema de saúde aparecidense.

Goiânia e Anápolis, com menos casos, vão endurecer as medidas de prevenção

A caminho de chegar a números dramáticos no registro matemático da pandemia, Aparecida aproxima-se rapidamente da cifra de 700 óbitos e dos 50 mil casos da nova doença. Mesmo assim, o prefeito Gustavo Mendanha decidiu não acompanhar a orientação das autoridades sanitárias do governo do Estado para introduzir medidas mais rigorosas de prevenção à Covid-19.

Um dado que chama atenção e mostra o descontrole sanitário de Aparecida é a comparação com Anápolis. Em Aparecida, o registro dos pacientes da nova doença já se aproxima de 50 mil ocorrências, enquanto, em Anápolis, ainda não chegou a 25 mil. Ou seja: apesar de ter uma população apenas 50% maior que a de Anápolis ou 600 mil habitantes contra 400 mil, Aparecida contabiliza o dobro de casos.

A comparação com Goiânia também é desastrosa para o prefeito Gustavo Mendanha. A capital tem quase 3 vezes a população de Aparecida, mas só foi afetada pelo dobro de casos, ou seja: Goiânia 100 mil casos, Aparecida 50 mil. E isso lembrando que Goiânia recebe doentes de todas as regiões do Estado, o que não ocorre com Aparecida ou então com menor peso. 

Os prefeitos de Anápolis Roberto Naves (PP) e de Goiânia Rogério Cruz (Republicanos)já anunciaram que vão seguir a nota técnica que recomendou o endurecimento das ações de prevenção sanitária. Na região metropolitana, Aparecida é a nota dissonante.

Da Redação

Fotos: Divulgação

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