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Vacina contra Covid-19 traz sentimento de esperança e segurança aos idosos

O início da vacinação contra a Covid-19 em Aparecida de Goiânia proporcionou aos idosos mais esperança e alívio psicológico. Especialista afirma que a melhora no humor já começa a trazer benefícios antes mesmo da segunda dose da vacina. Ela alerta que é preciso, no entanto, segurar a ansiedade. A equipe de reportagem do Diário de Aparecida visitou na sexta-feira, 12, a Associação Solar das Acácias, no Parque Flamboyant, em Aparecida de Goiânia, e os idosos garantiram se sentir mais felizes após tomarem a primeira dose. 

A aposentada Maria Francisca da Silva, de 73 anos, afirmou que gostou de ter sido vacinada e destacou a importância. “Com a chegada da vacina aí eu fiquei mais despreocupada, né? É muito importante essa vacina para acabar com a doença. Então, as pessoas podem se vacinar que não tem perigo. Não gosto de tirar minha máscara, às vezes até durmo com ela. Ainda tem a segunda dose. Mas mesmo assim eu dou um tempo. O tempo que eles estão avisando para gente. Então, eu estou seguindo direitinho.” 

O aposentado Homero Costa, de 85 anos, disse que com a vacina eles já vão ter mais segurança, embora quase não saiam do abrigo. “Eu achei ótimo. A gente tem uma segurança a mais, apesar que a gente aqui quase não sai também. Evita o máximo de sair para nos proteger”. Embora a próxima dose já esteja marcada para eles tomarem, Homero ressaltou que ainda não vai ser o momento de relaxar, haja vista que a maioria da população sequer tomou a primeira. “Enquanto não passar essa pandemia a gente tem que ficar mais afastado do público”, advertiu. 

A vacina também é sinônimo de esperança para o aposentado Luiz Bernardino, de 80 anos. “É porque a doença é fatal, né? Isso eu achava que só pela vacina é que podia resolver esse problema. Tenho esperança de dias melhores a partir de agora. Mas agora precisamos tomar a segunda dose e os cuidados ainda serão mantidos”, garantiu. 

A primeira dose da vacina contra a Covid-19 foi sentida pelo aposentado Vicente de Sá Lobo, de 88 anos, como “prazerosa”. Vicente classificou aqueles que resistem à vacinação de imprudente. “Eu acho esse tipo de gente bastante imprudente. Pessoa que não considera a gravidade da doença.” 

Esperança 

A neuropsicóloga Juliana Gebrim destacou que os idosos vivem hoje uma mistura de esperança e ansiedade. “É uma coisa impressionante. Acho que a ansiedade que eles estão sentindo nesse momento é boa, porque antes eles estavam praticamente confinados, sujeitos a muitas questões de ansiedade exacerbada mesmo, de depressão. Eles não estavam podendo abraçar os netos. Muitas vezes eles ali confinados convivendo com jovens que não tinham responsabilidade nenhuma de estarem levando o vírus para dentro de casa.” 

A especialista advertiu que a população precisa ter um olhar de afeto a população idosa. “A velhice precisa ter um olhar novo, de valorizar os nossos idosos, porque atrás de todos nós tem um idoso. Sem eles, a gente não seria nada do que a gente já conseguiu até hoje. Nessa pandemia eles foram maltratados por esses jovens que não estavam nem aí, se expondo ao vírus, não estavam se preocupando. Agora os idosos estão vendo uma luz no fim do túnel.” 

Embora a prefeitura de Aparecida de Goiânia já esteja vacinando idosos acima de 85 anos, a neuropsicóloga pediu que as pessoas dos demais grupos tenham paciência. “Está demorando para todo mundo. Para todos os idosos ou pessoas que possuem idosos em casa passem para eles que estamos no último minuto do segundo tempo do jogo, que se suportamos até agora, por que não aguentar mais um pouco? A hora deles vai chegar. Não entregar o jogo agora. Não ache que chegou a vacina, que está tudo bem, porque os idosos possuem aquela questão de risco. Espera mais um pouquinho não vai fazer mal a ninguém”, declarou Gebrim. 

Embora os idosos tenham tomado a primeira dose, ela salientou que ainda não é momento de abraços. “Não é porque tomou a vacina que já pode ir abraçando todo mundo. É momento de cautela. Vimos durante a pandemia que os idosos deram um tipo de trabalho, porque eles ficaram pulando de lugar para lugar. Muitas vezes saindo escondidos.  Aí os jovens ficavam bravos com eles. Eles estavam “saçaricando” pela cidade. E muitas vezes são coisas pequenas que eles querem e não podem. Agora é momento de cautela. É esperar a segunda dose. Porque a primeira não garante muita coisa.”

Por Eduardo Marques

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