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Terminado o carnaval, a economia brasileira precisa crescer

Maione Padeiro é presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial da Região Leste de Aparecida de Goiânia (ACIRLAG)

Em novembro, escrevemos sobre a possibilidade de retomada da economia brasileira, apontando, na época, uma conjunção de fatores, como o avanço das reformas econômicas e o reequilíbrio das contas públicas, como determinantes do esperado reaquecimento da atividade econômica. O controle da inflação e o período de fim de ano ajudariam a compor o cenário positivo.

A redução da taxa básica de juros (Selic), motivada por uma inflação baixa e controlada, também contribui para aquecer a economia, afinal trata-se da menor porcentagem de juros de toda a história do Brasil. Todavia, o aquecimento não foi na medida esperada pelo comércio e empresários.

Um exemplo são as vendas do comércio varejista, que cresceram 1,8% em 2019, segundo dados divulgados no início de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da terceira alta anual seguida, embora tenha ocorrido uma desaceleração em relação ao ritmo de recuperação registrado em 2017 (2,1%) e 2018 (2,3%). 

Mesmo após 3 anos de taxas positivas, o setor de comércio não conseguiu recuperar as perdas de 2015 e 2016 e mostrou perda de fôlego na reta final do ano de 2019. Além disso, em dezembro o volume de vendas no varejo caiu 0,1% na comparação com novembro, primeira queda mensal desde maio.

Diante desse cenário, a Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) reduziu levemente sua projeção para o crescimento das vendas no varejo ampliado em 2020, de 5,4% para 5,3%. Já no varejo restrito – que exclui os ramos automotivo e de materiais construção –, a estimativa é de alta de 3,5%. Para a CNC, as vendas neste ano deverão manter a atual tendência de alta, ancoradas no Produto Interno Bruto (PIB) e nos indicadores que medem o consumo das famílias. 

O fato é que entramos em março e o país finalmente, ultrapassado o carnaval, precisa retomar o crescimento econômico. A Taxa Selic, determinada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, encontra-se desde o início de fevereiro em 4,25% ao ano, o menor valor da sua série histórica. Além de diminuir outras taxas de juros da economia brasileira, a queda da Selic ajuda a aquecer a economia, porque não é vantajoso para ninguém deixar o dinheiro em aplicações de renda rixa, especialmente quando há risco da inflação ficar acima da taxa de juros básica. Isso acaba aumentando a oferta de crédito para financiamentos de consumo. E quanto mais se consome, mais as empresas precisam produzir e a economia deslancha, consolidando um ciclo virtuoso.

Ainda é cedo para se fazer uma projeção de retomada real da economia brasileira, que sofre com problemas crônicos, como a burocracia que sufoca os empreendedores. Acrescentamos a isso o efeito do coronavírus na economia global, que já afeta, por exemplo, exportações brasileiras para a China. Enfim, o cenário está longe do ideal, mas, terminado o carnaval, não resta ao brasileiro senão acreditar que dias melhores virão.

Maione Padeiro é presidente da
ACIRLAG – Associação Comercial,
Industrial e Empresarial da
Região Leste de Aparecida de Goiânia

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