Aparecida

Trabalhadores do HMAP cobram pagamento dos meses de maio e junho e de acerto após dispensa

Unidade de saúde passou a ser administrada pela Sociedade Israelita Albert Einstein dia 1º de junho

Luciana Brites

Colaboradores do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP) realizaram na manhã de quarta-feira, 22, uma manifestação em frente a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), cobrando o pagamento dos acertos trabalhistas após terem sido dispensados, além dos salários dos meses de maio e junho.

Eles denunciaram o jogo de empurra entre a antiga gestora do hospital, a organização social IBGH (Instituto Brasileiro de Gestão e Humanização), a CSMED (Carvalho Serviços Médicos) e a prefeitura de Aparecida, via Secretaria Municipal de Saúde. A CSMED é a empresa terceirizada pelo IBGH, responsável pela contratação de parte dos colaboradores.

Uma das manifestantes, Daiane Vieira, enfermeira, gravou vídeos, postados em redes sociais e compartilhados com jornalistas, nos quais denuncia que “ninguém comunica com ninguém e as informações são desencontradas, com um jogando a responsabilidade para o outro”.

Ela acrescenta que os trabalhadores estão apenas reivindicando direitos e que muitos estão passando necessidades em casa, sem ter como pagar as contas e comprar alimentos. “Queremos ser tratados com respeito. O que importa para nós é receber nosso dinheiro. Onde foi parar nosso dinheiro ? Quem vai dar essa resposta para nós ?”, pergunta.

Uma comissão, formada por seis trabalhadores, foi recebida no mesmo dia pelo secretário Alessandro Magalhães, que informou que a secretaria fez o repasse para quitação dos débitos trabalhistas e aguarda a prestação de contas por parte do IBGH.

Pegos de surpresa

Ainda durante a reunião, os trabalhadores foram informados que o IBGH pretende parcelar em três vezes o pagamento dos acertos, com quitações nos dias 10 de julho, 10 de agosto e 10 de setembro. “Isso pegou a gente de surpresa. Ninguém conversou nada conosco e entendemos que não pode ser algo unilateral, que a Organização Social (OS) decide e quem quiser, que aceite”, argumenta Saulo Gomes, outro profissional de saúde que estava na manifestação e denunciou a situação nas redes sociais.

“A enfermagem exige respeito. Não pode ficar nesse jogo de empurra”

A dispensa, segundo os trabalhadores, aconteceu dia 1º de junho, sem aviso prévio, quando a equipe de plantão teve que se retirar do HMAP, para que a nova gestora, a Sociedade Israelita Albert Einstein, pudesse assumir.

A CSMED confirmou que ainda não pagou os meses de maio e junho e também não fez os acertos com os trabalhadores dispensados e atribui o atraso ao descumprimento do acordo de pagamento firmado entre o IBGH e a Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida.

A SMS afirma que não celebrou nenhum tipo de contrato ou acordo com a CSMED, que o contrato com o IBGH terminou dia 31 de maio, que os repasses anteriores foram feitos em dia e que aguarda a prestação de contas dos acertos trabalhistas. A CSMED, por sua vez, informa que apresentou ao IBGH toda documentação solicitada e teve as prestações de contas validadas pela auditoria do município.

Os colaboradores dispensados contam que a média de salários é de R$ 2 mil para os contratados pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e de R$ 8 mil para os PJ (prestadores de serviço, que emitem nota). Reclamam da falta de apoio das entidades representativas e das dificuldades de diálogo.

“Muitos estão com medo de se expor e não conseguir mais emprego. Acontece que não estamos fazendo nada errado e não estamos pedindo nada demais, queremos só nossos direitos. Está sendo complicado porque nunca fizemos isso antes, é a primeira vez que muitos de nós vivemos uma situação dessa”, explica a enfermeira Daiane Vieira.

Os colaboradores estão se comunicando e traçando estratégias de mobilização via whatsapp e esperam que os pagamentos sejam feitos o quanto antes. “Não tem problema nenhum a gente ter sido dispensado, isso faz parte do mundo do trabalho, mas a enfermagem exige respeito, exige receber. Não pode ficar nesse jogo de empurra, sem uma solução”, acrescenta Daiane Vieira.

Procurado pelo Diário de Aparecida, o IBGH informou que a SMS ainda não fez o repasse e que não se pronunciaria sobre a prestação de contas, a possibilidade de parcelamento dos acertos e a falta de diálogo com os trabalhadores.

No Instagram há uma postagem do IBGH, do dia 9 de junho, na qual o Instituto diz que “reforçando o compromisso com a ética e a eficiência, o IBGH realizou, de forma antecipada, todas as rescisões referentes aos contratos dos colaboradores”. Entre os comentários, o de uma enfermeira, que cobra pagamento.

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