Aparecida

Vencer a letargia do 2º mandato é o maior desafio para Mendanha

O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, enfrenta um desafio que se apresenta para todos os governantes que conquistam o 2º mandato: mostrar energia e disposição para trabalhar e fazer mais do que foi feito no 1º mandato, superando o “cansaço” e o tédio do longo tempo de gestão.
O fenômeno é conhecido dos brasileiros e pode ser resumido como “letargia” do 2º mandato. A sua primeira vítima no Brasil foi o então presidente Fernando Henrique Cardoso, que introduziu a reeleição no País, foi reconduzido e fez um segundo governo abaixo da crítica, muito, mas muito pior que o primeiro.
Desde então, os casos se repetem. Claro, há exceções. Mas a maioria dos gestores, em todos os níveis – municipal, estadual e federal –, que conseguem o 2º mandato acaba se saindo mal. Mais um exemplo nacional? Dilma Rousseff. No primeiro governo, foi bem. No segundo, acabou mergulhando em um desastre administrativo que tornou o impeachment inevitável.
Marconi Perillo é um exemplo curioso da “maldição do 2º mandato”. Isso porque ele os teve por duas vezes: a primeira, na reeleição em 2002, e a segunda, na recondução em 2014. Nos dois, foi muito mal, incomparavelmente abaixo do desempenho mostrado no 1º mandato, em ambas as ocasiões.
Esse agora é o drama de Mendanha. Seu 1º mandato é considerado fraco, levando Aparecida a perder o ritmo que havia experimentado com Maguito Vilela – uma exceção à regra, já que suas duas gestões na prefeitura aparecidense são avaliadas como excepcionais por unanimidade. Aliás, as grandes marcas da sua passagem pelo comando do município foram adquiridas exatamente no 2º mandato, com o hospital municipal, os eixos viários Norte-Sul e até mesmo o prédio da Cidade Administrativa.
Qual a obra que caracteriza a passagem de Mendanha pela prefeitura até agora? Ninguém sabe responder. Ele fez asfalto nos bairros, pouco, não abriu nenhuma avenida e alega que foi quem equipou o hospital municipal, o que é verdade apenas parcial – já que a maioria das licitações para a compra do mobiliário específico e aparelhos médicos foi feita ainda na administração de Maguito.
Para piorar, Mendanha ganhou a reeleição repetindo as promessas incluídas no plano de governo da sua primeira campanha. O Hospital de Combate ao Câncer é uma amostra. Era compromisso a ser cumprido no mandato inicial. Não foi e no plano de governo do 2º mandato estava listado, novamente. Passados praticamente quatro meses desde o início da gestão atual, nem um único passo foi dado para tirar o compromisso do papel.
A crise financeira da prefeitura, que veio com a queda da arrecadação diante do impacto negativo da pandemia na economia e foi agravada pela suspensão dos repasses federais, ajuda no prognóstico de que o 2º mandato de Mendanha não será fácil. Uma complicação adicional é que, nesses meses iniciais, o prefeito enfrentou problemas pessoais, como a morte do pai, o ex-deputado Léo Mendanha, vítima da Covid-19 – a doença atacou toda a família, inclusive ele mesmo, que teve de ser internado no Hospital Santa Mônica para tratamento e com isso até hoje não recuperou o foco na gestão de Aparecida, que já estava fora do lugar desde que foi reempossado, em janeiro.
O atual prefeito é o mais bem votado da história de Aparecida, credencial que, na prática, tem pouca utilidade e não significa uma garantia automática de que ele conseguirá superar o tabu de que todo 2º mandato é pior do que o primeiro. Os sinais, até agora, não colaboram com Mendanha: paralisia administrativa, falta de recursos e ausência de ideias novas.

Problemas pessoais consomem toda a disponibilidade do prefeito

O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, passa a nítida impressão de que não tem tempo para nada, a não ser postar nas redes sociais e cuidar dos seus problemas pessoais.
Redes sociais são uma obsessão na Prefeitura de Aparecida. A cada publicação de Mendanha, os funcionários se mobilizam para comentar e repercutir, não se sabe se espontaneamente ou se devidamente estimulados.
E ele posta cedo, à tarde, à noite e pelas madrugadas. Não parou nem quando foi internado em hospital – a primeira vez, no ano passado, para tratar de uma trombose venal no cérebro, e a última, há pouco mais de duas semanas, para tratar da infecção pela Covid-19.
Mendanha lotou os seus perfis com fotos dele aparentando depauperação, abatido, do mesmo jeito que fez com o pai, Léo Mendanha, também exposto adoentado nas mídias sociais.
E não parou também quando Léo Mendanha morreu, em São Paulo, vencido pelo novo coronavírus. O enterro, as cenas de choro, tudo foi minuciosamente exibido nas contas do prefeito no Instagram, no Twitter e no Facebook.
Mas uma doença, mesmo em família, é sempre um problema pessoal que afeta a produtividade no trabalho e a vida normal de qualquer pessoa. E foi o caso de Mendanha, que ainda agora é obrigado a fazer exames, consultar especialistas e acompanhar com médicos o seu estado de saúde, para prevenir surpresas desagradáveis.
E tudo isso, óbvio, consome tempo. Por isso, em mais de dois meses, o prefeito foi visto uma ou duas vezes no seu gabinete na Cidade Administrativa. Quando começou a melhorar, priorizou a retomada da forma física, praticando exercícios em horário de expediente – sempre com ampla divulgação pelas redes sociais – em cidades vizinhas, como Hidrolândia, onde foi com a esposa, Mayara, malhar no Morro Feio, com transmissão quase que ao vivo pelo Instagram.

Nem mesmo internado em hospital, por duas vezes de um ano para cá, Mendanha suspendeu o marketing via postagens nas redes sociais

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